A calda Viçosa é um fungicida desenvolvido pelo Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa, a partir da calda Bordalesa, especialmente (mas não unicamente) para o controle da ferrugem do cafeeiro.
Quando bem preparada, apresenta coloração azul levemente esverdeada, sendo composta por fertilizantes complexados com cal hidratada.
Em diversos experimentos, a calda Viçosa mostrou-se tão ou mais eficiente que muitos fungicidas tradicionais, como clorotalonil, dithane M-25 e daconil, além de ser melhor que a própria calda Bordalesa.
Tem ação comprovada sobre diversos fungos e infecções bacterianas, e também atua como repelente de insetos.
Usada principalmente em frutíferas e hortaliças, seu uso é permitido na agricultura orgânica (desde que não contenha ureia) porque ela pertence à classe toxicológica IV, ou seja, é praticamente atóxica.
É um produto de baixa agressividade ao homem e ao meio ambiente.
Entre as vantagens dessa calda citam-se: boa aderência às plantas, custo baixo, pouco tóxica, controla várias doenças importantes e ajuda no pegamento de frutos.
Quando bem preparada não apresenta fitotoxicidade para as plantas.
Alguns fatores tornam o produto fitotóxico: pH ácido da calda, aplicação em dias chuvosos ou com as folhas molhadas, doses acima de 3%, aplicações fora da temperatura e umidade ideais.
A temperatura ideal para aplicação é de 25 a 30 °C, e a umidade do ar acima de 55%.
Pode ser usada em culturas, como tomateiro, cebola, alho, alface, couve, repolho, pepino, figo, plantas cítricas, goiabeira, mangueira, morangueiro e também em orquídeas e outras plantas ornamentais.
Por que a calda Viçosa é melhor que a calda bordalesa?
A calda Bordalesa é composta por 3 ingredientes: sulfato de cobre, cal virgem e água.
Além dos 3 elementos da calda Bordalesa, a calda Viçosa ainda é composta por sulfato de zinco, sulfato de magnésio, ácido bórico e ureia (ou cloreto de potássio).
A vantagem adicional da calda Viçosa sobre a Bordalesa é que a Viçosa fornece outros nutrientes para as plantas, como o boro e zinco.
A ureia tem o intuito de melhorar a absorção dos micronutrientes, enquanto o cloreto de potássio serve para evitar a inibição do zinco (Zn) e boro (B) pelo cobre (Cu).
Ao utilizar a uréia a calda Viçosa perde o título de orgânica, portanto em culturas orgânicas não a utilize.
Ingredientes
Composição para 10 L de água (concentração de 0,2%):
Componentes | Quantidade (g) |
Sulfato de cobre (25% de cobre) | 50 |
Sulfato de zinco (21,5% de zinco) | 60 |
Sulfato de magnésio (16 a 17% de MgO) | 80 |
Ácido bórico (17,5% de boro) | 20 |
Ureia (45% de N) ou Cloreto de potássio | 40 |
Cal hidratada (40 a 50% de CaO) | 75 |
Fonte: Adaptado de ZAMBOLIM; VALE, 1998
Como fazer Calda Viçosa
Nunca utilize recipiente de materiais corrosivos, como metais de qualquer tipo. Deve-se utilizar recipientes e utensílios misturadores de plástico.
- Misture o sulfato de cobre, o sulfato de zinco, o sulfato de magnésio, o ácido bórico e a ureia, e coloque todos esses sais dentro de um saco de algodão poroso;
- Insira esse saco dentro de um dos recipientes com 5 litros de água até que fique completamente submerso, mas sem encostá-lo no fundo do recipiente;
- Espere que todos os sais se dissolvam, o que leva cerca de 1 dia;
- Em outro recipiente, primeiramente dissolva a cal em 2 litros de água, depois acrescente 3 litros de água;
- Esse segundo recipiente deve ter capacidade para 10 litros. Mexa bem para manter a cal suspensa;
- Em seguida acrescente a água que contém os minerais sobre a mistura de água+cal hidratada e mexa continuamente e vigorosamente.
Esses produtos podem ser guardados separadamente por até 1 ano.
É necessário que se faça a aferição do pH da solução, que deve ser alcalina (entre 7,5 e 8,5), com papel de tornassol.
Se estiver ácida, adicione mais cal preparada até atingir o pH ideal.
Quem não tiver o papel de tornassol pode utilizar um prego limpo. Se o prego reagir com a calda (ficar avermelhado), a solução está ácida.
A adição de 5 mL de detergente neutro/litro pode ser feita para ajudar na fixação da calda na planta.
Cuidados gerais
- A ordem para misturar os materiais é muito importante. A solução com os sais é que deve ser adicionada à solução da cal, não o contrário, pois vai haver coagulação da calda e, consequentemente, sua perda para o uso;
- Nunca utilize objetos metálicos para misturar;
- Utilize luvas, máscara e óculos de proteção para evitar acidentes;
- Deve haver agitação constante da calda nos pulverizadores para evitar a formação de depósitos no fundo;
- Se a cal estiver velha, a mistura pode ficar com aspecto de coalhado, sendo assim, não deve ser utilizada;
- Importante saber em que local a cal foi armazenada, para que tenha certeza de não ter tido contato com a umidade do ar;
- Coar antes de utilizar a calda, o que pode ser feito pela própria peneira do pulverizador;
- Deve ser utilizada no mesmo dia do preparo;
- Seu uso deve ser, principalmente, preventivo, ou seja, antes que as doenças apareçam na planta.
Recomendações de uso
A concentração da calda para aplicação difere entre espécies, condições climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta.
Recomenda-se a utilização de dosagens menores nas fases iniciais e em plantas mais sensíveis.
As Cucurbitáceas (chuchu, maxixe, abóboras, melancia) são muito sensíveis ao cobre, por isso recomenda-se concentrações menores que 0,15% desse elemento, ou até não utilizá-lo.
Gostou do artigo? Não deixe de compartilhá-lo em suas redes sociais para ajudar outras pessoas!
Já se cadastrou para não perder nenhum conteúdo do site e ainda receber ofertas exclusivas?