Hoje em dia, as espécies invasoras representam uma grande ameaça aos ecossistemas nativos ao redor do mundo. Mas você sabia que alguns dos culpados podem estar bem pertinho da sua casa?
Jardins públicos/botânicos estão inadvertidamente ajudando essas plantas nocivas a escapar.
Índice
O que são espécies invasoras e porque são prejudiciais?
Espécies invasoras, como o nome indica, são organismos que acabam “invadindo” habitats onde originalmente não existiam.
Transportadas para novas regiões, frequentemente pelo comércio ou viagens humanas, essas espécies encontram ecossistemas despreparados para sua chegada. Sem inimigos naturais, elas se espalham rapidamente, sufocando a vegetação nativa e tomando seu espaço.
As múltiplas formas de introdução de espécies invasoras
Existem vários vetores que trazem invasoras para novas áreas. Muitas chegam de “carona” em cargas e contêineres de transporte marítimo. E há também as plantas ornamentais importadas, frequentemente utilizadas em jardinagem e paisagismo para nosso deleite visual.
Jardins públicos se tornando fontes não intencionais
Áreas verdes como parques, jardins botânicos e bosques normalmente reúnem uma ampla variedade de espécies vegetais vindas dos quatro cantos do planeta. Embora a intenção seja educativa e recreativa, algumas dessas plantas “escapam” e viram novas pragas.
A grande diversidade de espécies em exposição
Só no Cemitério Spring Grove em Cincinnati já foram registradas mais de 1.200 espécies de plantas ao longo de sua história. Embora muitas sejam nativas e inofensivas, outras tantas são exóticas trazidas de longe. Não raro, essas áreas acabam servindo como porta de entrada de potenciais invasoras.
Sementes levadas para florestas vizinhas
As sementes de várias espécies presentes nesses locais acabam sendo transportadas por aves e ventos para áreas naturais próximas. Assim, algumas áreas hoje abrigam populações consideráveis de invasoras originadas dos jardins públicos vizinhos.
Estudo de caso no Cemitério Spring Grove
Um grupo de pesquisadores da Universidade de Cincinnati investigou esse fenômeno com árvores do cemitério Spring Grove, demonstrando claramente o problema.
Um jardim público histórico e diverso
Inaugurado em 1845 e tombado como Marco Histórico Nacional, o Spring Grove abriga árvores centenárias e mais de 30 antigas em tamanho ou representatividade de espécie. Sua diversidade e árvores impressiona pela variedade, com mais de 1.200 tipos catalogados.
Evidências concretas dos “escapes” para florestas próximas
As árvores do Jardim público Spring Grove tem belos exemplares de Berberina (Phellodendron amurense), uma árvore ornamental asiática. Porém seus frutos estão gerando mudas no Parque Florestal Parker Woods vizinho do Spring Grove. Lá foram mapeadas 25 Berberinas adultas, originadas das sementes do cemitério sendo a árvore mais velha de 60 anos.
Várias outras invasoras identificadas
Além da Berberina, o estudo lista espécies como a cerejeira (Prunus subhirtella) e a lonicera (Lonicera maackii) entre as invasoras em expansão na região graças às sementes do Jardim público Spring Grove.
Consequências negativas sobre ecossistemas nativos
Infelizmente a disseminação de invasoras a partir de áreas públicas gera muitos impactos prejudiciais sobre habitats naturais e espécies nativas.
Dominação das nativas e alteração de habitats
As invasoras frequentemente cobrem e sufocam a vegetação nativa, impedindo sua regeneração. Além disso, alteram caracteristicas fundamentais dos ecossistemas invadidos, desde a disponibilidade hídrica e de nutrientes até as interações ecologicas fundamentais.
Queda acentuada na biodiversidade
Ao tomar o lugar de dezenas de espécies nativas, poucas invasoras dominam o ambiente, causando sensível redução na diversidade de plantas, insetos, aves e outros animais. Isso degrada toda a teia alimentar.
Soluções propostas por pesquisadores
Felizmente já existem propostas concretas para conter esse problema, conforme lista o estudo:
Educação da população sobre espécies invasoras
Ampliar o conhecimento público a respeito do tema é essencial para mudar hábitos e práticas de jardinagem, paisagismo e trânsito de espécies. Таmbém ajuda na identificação e combate de invasoras.
Manejo e controle ativo nos próprios jardins públicos
Os próprios jardins devem investir em manejo, eliminando indivíduos e populações de espécies reconhecidamente invasoras ou de alto risco. Isso já vem sendo feito em algumas instituições.
Incentivar o uso de alternativas nativas pela população
Órgãos ambientais devem orientar as pessoas sobre opções nativas regionais para substituir invasoras como plantas ornamentais. Assim reduz-se o risco de novas invasões.
O que proprietários de casas e sítios podem fazer?
Não deixe o combate às invasoras apenas nas mãos dos outros. Como proprietário, você também tem um papel vital a desempenhar:
Identifique quais invasoras podem estar em sua propriedade
Aprenda a reconhecer as principais invasoras de sua região e verifique se não estão presentes em seu terreno. Quantificar o problema é o primeiro passo.
Substitua invasoras por espécies nativas regionais
Ao invés de plantas exóticas de risco, opte por árvores, arbustos e flores nativos da sua área. Além de não oferecerem riscos, eles sustentam muito mais a fauna local.
Cuidado para não disseminá-las inadvertidamente
Tenha certeza de eliminar qualquer planta invasora em seu terreno, para não servir de fonte de dispersão. E não as transfira para outros locais.
Juntos podemos controlar esse problema antes que seja tarde demais. As plantas invasoras não Precisam escapar dos nossos jardins.